Tendências mercado de intercâmbio em 2024: os destinos e tipos de programas mais procurados
O mercado tradicional de intercâmbio vem passando por uma transformação pós-pandemia. Conhecermos as motivações, os destinos e tipos de programas mais procurados atualmente pelos brasileiros nos ajudarão a entender o mercado atual e dimensionar essa mudança. Desse modo, podemos ter uma perspectiva do que o ano de 2024 e até mesmo meados de 2025 nos trarão.
Tipos de programas e motivações
Uma pesquisa avaliou que avaliou o nível de inglês em diferentes países, encontrou que o Brasil ocupou a posição 58º em domínio de inglês entre os 111 países avaliados. O teste foi aplicado em 2,1 milhões de pessoas em 2022 pela EF (Education First), utilizando o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (faixas conhecidas como A1, A2, B1, B2, C1, C2). Os resultados do teste receberam as classificações: “muito elevada” (nível C1), “alta” e “moderada” (nível B2), “baixa” (nível B1) e “muito baixa” (nível A2). O Brasil ficou com a classificação “moderada”, com 505 pontos em um total de 800. No entanto, se considerarmos a América Latina no ranking, a classificação é “baixa” quando comparamos com Europa e Ásia, e maior que África e Oriente Médio, segundo o relatório.
Os resultados dessa pesquisa ajudam a compreender o porquê o interesse dos brasileiros em um tipo de programa de intercâmbio prevalece como primeira opção: estudo de idiomas. Conforme revela a pesquisa Selo Belta 2023, o inglês é o primeiro deles, seguido pelo espanhol e depois pelo francês. O inglês segue liderando o ranking, mas “a crescente internacionalização das empresas, a busca por dupla cidadania, as dificuldades para estudar nos EUA e as políticas públicas dos países europeus estão demandando cada vez mais pessoas a serem fluentes em diversos idiomas,”, afirma Christina Bicalho, vice-presidente do Student Travel Bureau (STB), em entrevista à Exame.
A pesquisa Selo Belta 2023 também demonstra as principais motivações atuais para a realização do intercâmbio:
- oportunidade de conhecer países e culturas diferentes, 45%;
- interesse em investir em idiomas, 29,2%;
- vivenciar uma experiência internacional que combina estudo, trabalho e turismo, 10,6% das motivações.
Em 2020 e 2021 havia um grande receio quanto às viagens internacionais e com o intercâmbio não foi diferente. Em 2022, eu observava um cenário muito mais positivo em relação ao futuro, as pessoas não aguentavam mais postergar ou mesmo ter de desistir de seus planos, era uma demanda represada. Constatei também que havia muito mais o interesse em conhecer novos lugares, ter novas experiências e trocas culturais, o estudo como um complemento a isso tudo. Digo isso porque trabalho com consultoria de intercâmbio desde antes da pandemia e atendo centenas de pessoas por ano. Em 2023, por fim, em um cenário de completa normalidade, de modo geral o interesse foi além: os resultados que o estudo em determinado país podem trazer para o intercambista foram a motivação principal, seja para crescer em sua carreira no Brasil após retornar, seja para posteriormente cursar ensino superior em outro país, etc.
Outro resultado da mesma pesquisa que condiz com essa análise que fiz é sobre outros tipos de programa que vêm ganhando espaço: a faixa etária de 25 a 29 anos agora ocupa a primeira posição, ultrapassando os jovens de 18 a 24 anos, justificando o crescimento da procura por programas de ensino superior, que podem ser cursos profissionalizantes, graduações e pós-graduações.
Destinos e motivações
Comparando os dados da Pesquisa Selo Bela de 2020 e de 2023, os destinos mais escolhidos pelos brasileiros:
Os 5 principais destinos se mantiveram no top 5, no entanto, o Reino Unido subiu uma posição em relação à Irlanda. A qualidade de vida no país segue sendo o que mais motiva a escolha do destino, não é à toa que o Canadá lidera o ranking há 22 anos. Em relação à troca de posições, a pesquisa aponta que o que determinou a mudança foi a qualidade do ensino que se tornou mais relevante do que a localização do país. Questões acerca da desvalorização do real frente a outras moedas e diminuição do poder aquisitivo também interferem na realização do intercâmbio.
Segundo a pesquisa Demandas de Aprendizagem de Inglês no Brasil, elaborada para o British Council pelo Instituto de Pesquisa Data Popular, 5,1% da população de 16 anos ou mais afirma possuir algum conhecimento do idioma inglês. Porém, existem diferenças entre as gerações: esse dado muda conforme a faixa etária, como no caso de jovens de 18 a 24 anos, onde o percentual dos que afirmam falar inglês dobra, chegando a 10,3%. Observe a imagem a seguir.
O curso de idiomas, especialmente o de inglês, portanto, é a primeira opção para a maioria dos brasileiros e acredito que isso não vai mudar em 2024, observo isso em meu dia a dia, mas principalmente: há dados que comprovam isso, como os que observamos no Selo Belta 2020 e 2023 e também através do British Council, que realizou pesquisa que revela o nível ainda baixo de brasileiros de conhecimento e fluência de inglês. Além disso, nos três primeiros meses de 2023, a procura por intercâmbio para cursos de idiomas no exterior cresceu 60% em comparação ao mesmo período de 2022, com uma estimativa de aumento em 100% no fechamento do ano, segundo levantamento feito pela STB e informado à revista Encontro em novembro de 2023.
Aprender o inglês é o primeiro passo, seja para casos onde o intercambista vai ter a experiência de estudo do idioma e voltar para o Brasil, seja para aqueles onde primeiro aprende o inglês no país escolhido, para posteriormente ingressar em cursos profissionalizantes, ensino superior, pós-graduação, etc., programas populares no Canadá, Irlanda e Austrália, por exemplo, que se mantiveram no ranking de destinos mais escolhidos pelos brasileiros.
Referências:
[Education First] [Exame] [Belta 2020] [Belta 2023] [British Council] [Revista Encontro]
Imagens:
Eu sou a Patrícia! Recentemente formada em Gestão de Turismo pela Universidade Federal de Santa Maria e consultora de intercâmbios em Santa Maria, RS. Sou alguém que deseja que o Turismo seja valorizado e respeitado, que deseja que o Turismo chegue a cada pessoa desse mundo, independente de sua faixa etária, sua condição econômica e social. Quero que o Turismo não seja visto somente como lazer, mas como uma oportunidade!
