Meu processo de Trainee na Hotelaria – relato de Turismólogo

Meu processo de Trainee na Hotelaria – relato de Turismólogo

25 de Novembro, 2019 2 Por Daniel Abel

Quem não gostaria de alcançar um cargo de liderança dentro da sua empresa? Acredito que esse seja o objetivo mais comum daqueles que querem ter uma carreira bem sucedida. Poder ter sua equipe, liderar e ser reconhecido pela sua gestão é algo muito valoroso e gratificante para quem se dedica a liderança. Porém, não é algo fácil; e pode levar alguns longos anos para se alcançar essa tão sonhada posição. Conhecemos líderes que levaram 10 ou mais anos para chegarem à posição onde estão. Contudo, esse caminho árduo pode ter o tempo reduzido através do processo conhecido como trainee. Trainee é uma palavra que vem da língua inglesa e tem como significado aprendiz, estagiário. Porém, no Brasil essa nomenclatura tem um significado além de aprendiz. É uma posição onde as empresas investem a fim de forma jovens líderes para cargos estratégicos dentro da companhia. É uma grande aposta das empresas.

Nesse texto busco relatar um pouco sobre o meu processo de Trainee na hotelaria. Acredito que todos saibam, mas eu participei de um processo de trainee dentro de uma companhia hoteleira e acredito ser muito enriquecedor poder compartilhar com vocês essa experiência marcante em minha carreira.

Vídeo de divulgação do programa de Trainee. Daniel Abel e Carol Peralta.

Antes de qualquer coisa, costumo dizer que realmente o programa de trainee é criado para jovens. Não pela idade em si, mas pelo anseio de novidade e inovação que a juventude tem. O mundo tem ficado cada vez mais conectado e as tecnologias têm proporcionado mudanças rápidas que somente quem tem espírito jovem consegue se adaptar e inovar. Foi esse sentimento de mudança que me levou a aplicar para o programa de trainee.

Do processo a seleção do programa de trainee

No processo meu processo de trainee haviam as inscrições para os participantes da casa, conhecidos como prata da casa; e haviam também as inscrições para os externos a empresa, ou seja, pessoas que ainda não trabalhavam na empresa. Neste caso, participei como prata da casa, pois naquele momento trabalhava como recepcionista em uma das unidades hoteleiras da rede. Mas na prática, essa seleção separada somente nos dava prioridade quanto à abertura das inscrições.

Etapas do processo de trainee

O processo do trainee é tem algumas fases e pode variar de empresa para empresa. Começamos com a inscrição através do site e no primeiro momento já iniciamos as avaliações online: teste de lógica, avaliação do perfil e língua inglesa. Como parte do meu processo foi solicitado que fizéssemos um vídeo de 01 minuto contando sobre nossa vida e por qual razão a empresa deveria escolher-nos como trainee. Os aprovados nessa fase foram direcionados a seleção regional que aconteceu na cidade do Recife-PE; e posteriormente, sendo aprovado nessa fase fomos direcionados ao Rio de Janeiro para fase final com o CEO da empresa e os diretores da companhia.

1. Envio de documentação solicitada (pré-requisitos)
2. Envio de vídeo de apresentação
3. Avaliação do Perfil (online)
4. Teste de Lógica (online)
5. Entrevista em inglês (via Skype ou Facetime)
6. Seleção semi-final regional (presencial)
7. Seleção final – entrevista com os diretores e presidente da empresa
(presencial)

Minha experiência durante o programa de trainee

Começar o processo de trainee na seleção é árduo, mas a experiência de encurtarmos anos de conhecimento em um processo de um ano é desafiadora, apaixonante, estressante, emocionante e compensador. Por quais motivos tanto sentimento aflora durante o processo? Pois o processo vai além do aprendizado sobre a companhia, mas sobre como lidar com vocês mesmo e com as pessoa.

O primeiro desafio que tive foi lidar com o fato de que algumas lideranças não sabiam e não tinham conhecimento sobre o que significa o trainee e como funciona o programa.

Todos os trainees foram direcionados a hotéis para que pudessem vivenciar cada setor e processo dentro de um hotel. Então tínhamos um cronograma a ser cumprido, no qual teríamos que fazer um job rotation nas áreas e assimilar o máximo de conhecimento e informações possíveis. O fato de estar e de ter que trabalhar em várias áreas dentro da unidade me ajudou a desenvolver uma visão holística muito aguçada. Porém, era desafiador ter que obter informações de um colaborador que pensava que éramos ameaça a sua posição de liderança. Como podem ver, vários desafios ao longo do caminho…

Durante o processo de aprendizado havia encontros aos quais tínhamos treinamento sobre liderança e apresentávamos trabalhos sobre inovação e soluções para problemas percebidos durante o período nas unidades. Nessas reuniões podíamos compartilhar nossas experiências e frustrações com os demais trainees e assim voltarmos fortalecidos para as nossas unidades. Percebíamos que éramos imaturos em algumas situações e completamente maduros em outras. O árduo aprendizado de sermos considerados a mudança, porém ao mesmo tempo não aceitarem nossa sugestão por sermos inexperientes. Então o processo nos direciona a melhorarmos nossa forma de nos posicionarmos, como lidar com os demais e assim vamos moldando nossa liderança.

Dentro do meu processo de trainee havia algumas áreas que eram foco para o desenvolvimento dos participantes em sua área de formação. Como turismólogo fui desenvolvido na área operacional e após os primeiros 6 meses pude intensificar o meu processo com foco na área de alimentos e bebidas. Escolhi a área por ser um dos setores mais complexos dentro do hotel. Como o processo de Trainee não depende somente da empresa para ter os objetivos alcançados, mas também do próprio trainee; o fato de escolher alimentos e bebidas como foco me abriram algumas portas. Claro que me dediquei bastante e aproveitei as oportunidades que levaram a lugares que nem imaginava. Nesse setor acabei conhecendo o processo corporativo de compras de materiais, ações para abertura de um restaurante e implantação do setor de alimentos e bebidas em um hotel. Ao final do programa fomos direcionados ao nosso hotel de destino ao qual tivemos nossa função de média-liderança (responsável pelo setor da unidade hoteleira). É uma experiência que me fez entender que devemos aproveitar cada oportunidade como única. Dedique-se, faça seu melhor.

Resultado da experiência como trainee

A experiência é enriquecedora, pois a visão holística do negócio é realmente a visão que o gestor deve ter. O gestor não tem a necessidade de saber do detalhe, mas de entender o processo e facilitar com ações efetivas. O programa de trainee nos põe em uma posição mais além até mesmo que o líder, pois colocamos de fato a mão na massa e vemos as dificuldades da operação. O nome trainee pode até soar glamouroso, mas o processo é de humildade, de entrega e de muita absorção de conhecimento.

Como dito o processo de formar líderes ou se tornar líder está em lidar com pessoas. O programa nos dá insights para melhorarmos nossas softskills, o que nos leva de forma mais rápida o tão almejado cargo de liderança. Estamos naquele lugar naquele momento para aprender, mas também para contribuir e contribuir muito. Ser trainee foi uma das melhores experiências que tive e aconselho aos jovens a se candidatarem, se permitirem a viver essa experiência. O desenvolvimento pessoal é o maior presente, pois aprendermos não ser só líder de uma companhia, mas ser líder de nossas vidas. E quem lidera a si mesmo, lidera os demais.

Baseado em minha experiência pessoal na BHG – Brazil Hospitality Group – Responsável pela marca Golden Tulip no Brasil no período do programa -2016.

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Author: Daniel Abel

Atualmente exerce cargo de liderança na hotelaria no setor de Eventos, após ter sido trainee do grupo BHG (Brazil Hospitality Group). MBA em Negócios pela Universidade Potiguar, Bacharel do Turismo pela Universidade Potiguar, Rio Grande do Norte.