Segmento do Turismo: estudos e intercâmbio
Segmento de estudos e intercâmbio, intercâmbio estudantil, mobilidade internacional e programas de estudos no exterior são alguns dos nomes desse segmento do Turismo: estudos e intercâmbio. E pasmem: esse segmento é sim um tipo de turismo, afinal se pararmos pra pensar, a pessoa viaja fora do seu local de residência por um período superior à 24 horas e, normalmente, inferior a 365 dias, consome a gastronomia local, vive sob a cultura e regras do destino e convive com a sociedade. Isso é Turismo.
Segundo o MTur (2010), o segmento do Turismo estudos e intercâmbio é definido assim:
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“Turismo de Estudos e Intercâmbio constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional”
Esse tipo de Turismo promove inúmeras possibilidades também para profissionais do Turismo, em termos de atuação e trabalho, porque a popularização desse tipo de viagens abre porta para novas empresas e vagas de emprego. Segundo a Associação de Agência de Intercâmbio (BELTA 2023 – originalmente Brazilian Educational and Language Travel Association), o mercado de educação internacional cresceu 18% em 2022, se comparado a 2019. Foram mais de 445 mil estudantes enviados ao exterior, o que representa 70% das empresas de intercâmbio do país, associadas à BELTA.
Mas como isso tudo começou?
Estudos e intercâmbio e o Grand Tour
As viagens de estudos e intercâmbio parecem ter começado, assim como outros segmentos e tendências, com a elite, na Europa. Foi no século XVII que o movimento de estudos passou a ser visto como uma forma de oportunizar o desenvolvimento pessoal e profissional, através de trocas culturais por convívio e passeios de qualidade. Já à partir do século XVIII, as viagens de estudos passaram a ser realidade da classe média, possibilitando que mais pessoas viajassem motivados pela sede de aprendizado e desenvolvimento cultural.
O Grand Tour se refere ao nome dado à viagem de pessoas pela Europa ao final dos seus estudos. As famílias enviavam os filhos para viagens de intercâmbio no exterior, visando coroar seus estudos através do desenvolvimento cultural e aprimoramento de habilidades e conhecimentos. Ao que tudo indica, o país que mais enviava estudantes ao exterior, nessa época, era a Inglaterra e os destinos mais populares eram Itália, Holanda, Suíça, Alemanha, entre outros. O Grand Tour conferia status.
A liberdade e a arte também foram duas das principais motivações. A Itália foi o primeiro destino mais procurado durante o início das viagens do Grand Tour. As viagens, e os destinos, representavam liberdade para os estudantes, para experimentos e para apreciação da arte. O Carnaval de Veneza possibilitava liberdade de fugir aos padrões de comportamento, principalmente através do uso de máscaras e fantasias. Portanto, enquanto para os pais e as famílias, a viagem significava o desenvolvimento profissional, em algum momento, para os filhos, pode ter significado liberdade e uma fase de descobertas.
Motivação para o Turismo de Estudos e Intercâmbio
Segundo a Pesquisa Selo Belta, de 2023, a principal motivação para esse tipo de turismo é o desenvolvimento de carreira. “Essa vivência oferece a oportunidade de desenvolver habilidades e competências valiosas, além de ampliar a visão de mundo, adquirir uma bagagem cultural diversificada, desenvolver proficiência em diferentes idiomas e uma desenvolver a resiliência, pontos bem vistos pelas empresas.” (Belta, 2023)
A faixa etária dos turistas desse segmento está aumentando. Pessoas entre 30 e 49 anos estão viajando mais do que antes, o que, segundo a associação, mostra que as pessoas têm visto o intercâmbio como possibilidade de desenvolvimento de carreira. Outro fato curioso que tem permitido a popularização desse segmento é a redução do custo de viagens, que caiu 17% nos últimos 5 anos, ainda segundo a pesquisa da Associação.
Tipos de estudos e intercâmbios
Já escrevemos exclusivamente sobre os tipos de intercâmbios aqui.
Mudança de comportamento (análise)
Parece estar havendo uma mudança no perfil dos viajantes. E observa-se que essa análise tem um quê de especulação também. Percebam que no período inicial das viagens de estudos e intercâmbios, durante o Grand Tour, os filhos em fase escolar eram os principais viajantes. Mas segundo os dados da Belta, pessoas de faixas etárias intermediárias estão viajando mais, em maior quantidade. Isso pode significar que os pais estão viajando também, diferente da época do Grand Tour, ou que hoje as pessoas estão decidindo ter filhos mais tarde e aproveitar a vida “sem família” por mais tempo, ou mesmo estão decidindo não ter filhos.
Façam suas apostas! O fato é que há um mercado crescendo – e assim aumentam as possibilidades para profissionais.
Referências
MTur – Livreto [1] Belta [2] Belta 2 [3] Royal Museums Greenwhich [4]
Formação de Carreiras no Turismo, sou Mestre em Gestão de Turismo, fundadora da Escola de Turismólogos e do Turismologia.
Com mais de 13 anos de experiência no Turismo, ofereço capacitação para empresas do Turismo, acelerando resultados e aumentando produtividade, através de palestras e treinamentos.