Opções de intercâmbio para estudar Turismo no exterior
Há mais ou menos 10 anos, intercâmbio em turismo era um sonho impossível. Eu lembro que conversava com uma amiga que estudava hotelaria na Swiss Hotel Management School e, wow, era – e ainda é – uma das melhores e mais icônicas Universidades em hotelaria do mundo, e eu ficava fascinada. Imaginava como seria estudar lá, as experiências que teria e o tanto que eu cresceria profissionalmente. Mas parecia impossível, já que o valor da anuidade atingia centenas de milhares de reais, fora os custos de vida; na Suíça, lembre-se: um dos países com maior custo de vida do mundo. Pois bem, 5 anos depois, eu estava indo morar na Europa para estudar Turismo em um dos melhores mestrados em Gestão de Turismo do mundo, com tudo pago.
Antes de te apresentar diversas opções de intercâmbio em turismo, deixa eu dizer uma coisa muito brevemente: a maioria dos estudantes e profissionais do turismo acabam não viajando e não saindo do país porque não conhecem alternativas para tal. Não é porque não existem oportunidades, mas porque na nossa área, internacionalização não é um tópico em alta, nem nas Universidades, nem no mercado. E apesar de ser pauta institucional em Instituições, as atualizações normalmente não chegam aos alunos. Portanto, é importante que você busque conhecimento e mentorias para preparação para essa vivência internacional, porque saiba: existem muitas oportunidades de intercâmbio para turismólogos. Escrevo este texto para ajudar na sua busca. Vamos aos intercâmbios!
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Intercâmbios para estudante de turismo
Talvez as maiores e melhores oportunidades estejam aqui, nessa fase, quando você ainda é estudante. Intercâmbios gratuitos, dentro da própria universidade, intercâmbios pagos, em agências e bolsas de estudos são algumas das opções. Instituições como Santander oferecem bolsas para que estudantes tenham uma vivência internacional. E pasmem: na maioria dessas oportunidades não é preciso fluência em outro idioma! Dá uma olhada:
Esse é um período de estudos, normalmente um semestre ou um ano, em uma Universidade no exterior que tenha parceria com a sua no Brasil. Nesse caso, você não paga as taxas da Universidade, e arca com seu custo de vida e mora legalmente em outro país, estudando Turismo. Neste caso, você precisa ir atrás do setor de relações internacionais da sua universidade – é lá que você consegue essa oportunidade.
Essa opção existe para você ter a oportunidade de trabalhar no exterior. Fique atento: para fazer um intercâmbio de estágio através da faculdade que você estuda, ela precisa ter convênio com uma instituição no exterior – e você mesmo pode correr atrás disso. Só precisa de tempo. Nesses casos, é possível até que consiga uma ajuda de custo para pagar parte dos seus custos de vida lá.
O Banco Santander abre editais para financiar um período de estudos para alunos de graduação anualmente. É importante ficar de olho porque esses editais normalmente pedem que você tenha cursado entre 2 e 3 semestres de estudos já porque valorizam a nota média que você teve, além de atividades extra curriculares das quais participou. É conhecida como bolsa mérito porque valoriza não só os seus esforços, mas os seus resultados, mesmo enquanto ainda na graduação.
Cada Universidade tem suas parcerias específicas, além dos programas acima citados. Essas parcerias nem sempre chegam a todos os alunos como deveriam. Deixando de lado a reclamação sobre a comunicação dentro de algumas instituições, a minha intenção aqui é que você saiba que precisa ir atrás da informação e buscar oportunidades que a maioria não acessa.
A lista aqui é quase infinita. Os intercâmbios que você pode fazer enquanto estudante são muitos. E eu vou deixar alguns links no final desse texto para que você continue se informando sobre isso. Mas agora eu vou focar naqueles intercâmbios que você só pode fazer se for estudante.
- International College Program
Programa de trabalho no parque de diversões Walt Disney World que acontece no período de férias por um período limitado a 3 meses. Nele, você trabalha nos parques da Disney e recebe por isso. O programa não tem custo.
- Work&Study
Esse programa é muito similar ao programa da Disney, a maior diferença é que não acontece na Disney, mas sim em outros estabelecimentos, especialmente nos Estados Unidos, o país carro chefe desses programas. Você pode escolher um estabelecimento, como hotel, resorts, estações de esqui, para trabalhar por um período de 3 a 9 meses, e ser remunerado por isso. Normalmente, é preciso estar cursando uma graduação para participar, e você tem acesso à essas oportunidades em agências de intercâmbio.
A ANDIFES tem um programa de mobilidade acadêmica nacional. Em resumo, você pode estudar por um semestre em outra Universidade Federal no Brasil, e ainda receber uma ajuda de custo para isso. Fique atento aos editais. Ah, e nessa bolsa você precisa ter concluído pelo menos 20% do curso e não pode ter tido mais do que 2 reprovações.
Agora, essa parte do texto é para aqueles que já se formaram e tem aquele sentimento de arrependimento de não terem feito intercâmbio durante a faculdade. Sim, muitos Turismólogos já me contaram sobre como gostariam de ter conhecimento dessas oportunidades antes. É claro que existem algumas opções somente para estudantes, porém existe uma lista enorme de oportunidades, pagas e gratuitas, para formados e profissionais em geral. Segue comigo.
Intercâmbios para Turismólogos já formados
Direto nas Instituições ou com programas específicos. Os mestrados no exterior podem acontecer de três formas:
- Mestrado sanduíche: você começa cursando no Brasil e faz um período no exterior.
- Mestrado direto na instituição: vamos dizer na Universidade de Lisboa. Você encontra um curso que gostaria de fazer e o contato ocorre diretamente com a Universidade, pagas as taxas normalmente e muda-se para Portugal para cursar o mestrado.
- Mestrado com programa específico: o EMTM, por exemplo. O European Master in Tourism Management é um mestrado em gestão de Turismo em que você estuda Turismo em diferentes instituições, com ou sem bolsa de estudos. Para esse tipo de intercâmbio, existe uma instituição coordenadora, ou um consórcio, e é ele quem administra as seleções e admissões.
É importante ter ciência que a partir da graduação, a exigência cresce, especialmente para intercâmbios em turismo para nível de mestrado e doutorado, começando pelo idioma que passa a ser necessário para a maior parte das oportunidades. Você ainda tem oportunidades se não tem fluência em outro idioma além do português, mas o tamanho do seu mundo de oportunidades fica muito menor.
Mestrados profissionais ou mestrados acadêmicos
Um adendo: existem os mestrados profissionais e os mestrados acadêmicos, também conhecidos em inglês como Research Master, Academic Master, Professional Master, MBA. A principal diferença é que nos mestrados com pesquisa mais densa, o objetivo é formar acadêmicos, professores e pesquisadores, e nos mestrados profissionais, com mais prática e visitas em campo, o objetivo é formar líderes em empresas. Os requisitos para participação também variam em cada uma das opções.
Diversas Universidades no exterior buscam ativamente estudantes internacionais. Atentem-se para o fato de que brasileiros são bem visados no exterior porque tem um componente de pesquisa científica na graduação que muitas universidades no exterior não tem: O TCC. Para o nível de doutorado é importante dizer que, além do idioma, você precisa de publicações científicas.
Para esse intercâmbio, assim como para o mestrado, a melhor opção é você entrar diretamente em sites de Universidades no país que tem interesse. Muitas Universidades tem oferecido bolsas completas ou com um bom suporte (50 – 70% da anuidade), e muitos possibilitam que você trabalhe enquanto estuda.
A informação mais importante que eu posso escrever aqui é: MBA no Brasil não é o mesmo que MBA no exterior. Master in Business Administration é um programa que foi criado para suprir uma necessidade de mercado de líderes, ou seja, profissionais com experiência relevante e densa de mercado, que buscavam crescer em suas carreiras, construir uma rede de relacionamentos e trocar experiências em tempo real com uma turma de colegas com experiência semelhante. O objetivo principal era buscar apoio para resolução de problemas complexos em um ambiente seguro.
No Brasil, profissionais com pouca experiência, às vezes nenhuma, fazem MBA, que, por vezes, acaba sendo um curso básico e superficial. No exterior, muitas instituições tem como pré requisito que os alunos só posam se inscrever se tiverem um mínimo de 10, 12, ou até 15 anos de experiência prática relevante e que já tenham tido liderados, ou seja, equipes. Porque um dos grandes diferenciais desses programas é a troca entre alunos.
Dito isso, não existem tantas bolsas para MBA, mas muitas vezes é possível fazer um investimento através da empresa em que você trabalha, que acaba custeando o seu curso em troca dos seus resultados na volta. São as empresas maiores que tem maiores condições financeiras de fazer tais investimentos.
Neste caso, existem bons cursos gratuitos e pagos. A Fundación Carolina, na Espanha, por exemplo, disponibiliza cursos in loco de espanhol, normalmente com as despesas total ou parcialmente cobertas. O que acontece, nos casos de cursos de idiomas gratuitos, é que a concorrência é gigantesca e, dificilmente se seleciona por mérito. Veja, há poucos anos atrás havia menos de 400 bolsas e quase 30 mil inscritos. É quase uma loteria. Não estou dizendo “não tente”, estou dizendo não invista todas as suas fichas nessa opção.
Para além dos cursos gratuitos, vale pensar em cursos pagos, através de agências de intercâmbios. Sei que a realidade de muitos não permitia pensar nessa situação por muito tempo, por outro lado intercâmbio parece impossível para muitos não porque é realmente impossível, mas por falta de informação. Você pode fazer um curso com parcelas relativamente suaves, com um planejamento financeiro legal. Leia o texto que já publicamos e veja a simulação financeira que a Patrícia fez – para constar, ela é supervisora de intercâmbios (o link está no final deste texto);.
Esses programas são mais específicos de alguns países. Eu aposto que você já ouviu que pode estudar inglês e trabalhar na Irlanda, certo? Essa é uma das opções. A Irlanda oferece um dos programas com melhor custo benefício, que permite que você estude inglês (um requisito) e trabalhe no outro período. Muitos alunos relatam que é possível se manter com o valor que você tira do trabalho. Mas o ideal é ter algum nível de inglês antes de ir, porque isso facilita que você encontre trabalho por lá. Esse trabalho costuma ser na área operacional do Turismo e áreas de atendimento, então vá preparado. Ou faça contatos antes com empresas e se coloque no mercado antes mesmo de sair do Brasil – essa é uma opção ainda pouco explorada por brasileiros.
Nessa modalidade de trabalho e estudo, existem outros países que facilitam o acesso de profissionais já formados: Austrália, Nova Zelândia, Malta.
Normalmente cursos curtos específicos para sanar uma necessidade, como Marketing ou Finanças, Gestão ou outra, são oferecidos por Universidades, Instituições ou Empresas Educacionais de forma geral. Algumas instituições, como a LAIOB, dão bolsas de estudos que variam de 30 a 100% como forma de ajuda de custo.
Aproveito para deixar um texto que pode te ajudar a entender melhor os tipos de especializações no Turismo e como você pode combinar uma especialização com um intercâmbio. Veja: Como escolher uma especialização no Turismo em 5 passos.
E, para finalizar, saiba: existem muitas oportunidades para fazer intercâmbio em turismo, mas a maioria dos estudantes e profissionais acaba não tendo acesso à essa informação. Com este texto, espero ter conseguido trazer um panorama das possibilidades de intercâmbio para turismólogos, ou simplesmente intercâmbio no turismo. Estudantes tem possibilidades riquíssimas que tem como respaldo as instituições de ensino, mas profissionais formados – e mesmo não formados – também tem oportunidades sensacionais, com diferentes níveis de acessibilidade financeira.
Se houver interesse de vocês, posso trazer um novo texto, desta vez com nomes e programas específicos para cada tipo de intercâmbio.
Links para outros textos relacionados: 1. Minha experiência em um mestrado em Gestão de Turismo na Europa; 2. A experiência da Ju em Portugal no mestrado de Marketing turístico; 3. Planejamento financeiro para fazer intercâmbio.
Formação de Carreiras no Turismo, sou Mestre em Gestão de Turismo, fundadora da Escola de Turismólogos e do Turismologia.
Com mais de 13 anos de experiência no Turismo, ofereço capacitação para empresas do Turismo, acelerando resultados e aumentando produtividade, através de palestras e treinamentos.