Como escolhi o primeiro segmento em turismo
Uma das questões que mais geram dúvidas em futuros turismólogos: como escolher um segmento no turismo para trabalhar? Eu trabalho com turismo há mais de 7 anos, mas essa dúvida me perturbava desde os primeiros semestres da graduação. Hoje sou consultora de intercâmbio, mas até chegar aqui, tenho um caminho que não foi linear: como vim parar nesse segmento que sequer tinha a intenção de me especializar?
Não escolhi o primeiro segmento da minha carreira, ele me escolheu.
Muita gente cai no turismo de paraquedas, um pouco perdido ainda, o que é absolutamente normal no início de graduação, e não apenas no turismo. Eu estava um pouco perdida também, mas tinha muito interesse em trabalhar com hotelaria. A ideia me fascinava, mas hoje, 10 anos depois do início da graduação, não trabalhei com hotelaria ainda. Vale dizer que durante a graduação estagiei na Secretaria de Turismo da minha cidade, através de um concurso, mas continuei procurando oportunidades na hotelaria também. Sem muito sucesso nas tentativas, segui na secretaria. Depois acabei interrompendo para fazer intercâmbio pela minha universidade através de um edital de bolsa de estudos. Esse momento é um ponto importante da minha trajetória.
Durante a graduação é o momento de testar, errar, experimentar. Por exemplo: não gostei muito da ideia de seguir na área pública, e só soube disso porque experimentei. Foi durante meu intercâmbio que conheci outra esfera da área, conversei com colegas e profissionais de outras partes do mundo e a hotelaria passou a não brilhar da mesma maneira para mim, passou a dividir espaço em meus interesses, na verdade.
Quando voltei, consegui uma espécie de bolsa na universidade para ir me mantendo junto com outras atividades que ia conciliando, como trabalhar em restaurantes. Mas estava focada em testar mais, em ter mais experiências, faltava pouco para me formar, algo como 2 semestres, ainda em 2016. Alguns colegas formados ou mesmo antes da formação estavam conseguindo trabalhar em agências de viagens da cidade, e mesmo que eu já tivesse considerado a possibilidade, a ideia não me atraía. Distribuí meu currículo em todos os hotéis que eu tinha conhecimento porque ainda queria saber como era, se ia me adaptar e gostar, porque apesar de ter ampliado minha gama de interesses no intercâmbio, eu ainda queria testar a possibilidade de trabalhar em um hotel. Aguardei algum tempo, não tenho certeza de quanto, mas não obtive nenhum retorno ou convite para entrevista. Santa Maria, a cidade em que eu residia, não tem o turismo desenvolvido, e naquela época, ainda menos que hoje em dia, e não se falava muito em home office ou trabalho de casa, por exemplo, para que eu tentasse algo em outras cidades. Foi então que eu refleti sobre o agenciamento e concluí que não custava nada tentar, afinal, além de precisar trabalhar, eu queria experimentar outras áreas do turismo
Imprimi 5 currículos e escolhi 5 agências. Pensei: são 5 oportunidades, se obter algum retorno, pode ser que seja um sinal. Fui pessoalmente nas quatro primeiras agências que selecionei, quando cheguei na quinta e última, percebi que tinha fechado ou trocado de endereço, não me recordo e não entreguei o último currículo. Nesse momento, lembrei de uma agência que não tinha considerado até então. Lembrei porque uma caloura minha comentou que estava trabalhando lá. Fui até lá e deixei meu currículo. Meu último currículo.
Essa agência me contatou, passei por duas entrevistas e fui contratada. Era uma empresa pequena, com o setor sendo reestruturado, eu não tinha experiência, não conhecia tanto sobre o agenciamento em Santa Maria, mas fui aprendendo, fazendo todos os treinamentos que tinha acesso. Uma vez vendi uma passagem para uma data de retorno errada, quase tive um infarto, rs., mas deu tudo certo. Logo, eu já estava até mesmo acompanhando nossa principal cartela de clientes em viagens. Depois de quase 3 anos, me candidatei para trabalhar em uma agência de intercâmbio, um produto que tirando a experiência de vida que tive, pouco conhecia sobre. Conquistei mais essa oportunidade. Depois de 10 meses, fui desligada por conta da pandemia em 2020. Mas tinha tido bons resultados e 3 meses depois, quando a empresa conseguiu se reestruturar um pouco, me convidaram a retornar, sendo promovida a coordenar uma filial em outro estado.
Percebi que gosto de lidar com gente, com atendimento, com expectativa, com sonhos! Na linha de frente mesmo, com metas e desafios, coordenando minha equipe. Ajudar meu cliente a realizar seu sonho, a tirar sua ideia do papel, a passar pela mesma experiência que eu não tem preço.
Além de parte da minha breve trajetória nesse texto, também deixo o conselho: teste, experimente, erre, quanto antes, melhor! Faça tudo o que puder, e quando encontrar o segmento que mais te atrai, dê tudo de si. Tenha um objetivo em mente, mas não deixe de olhar para o lado: por muito tempo achei que agenciamento não era para mim. Eu não tive problema em mudar de cidade, mas se você não quer isso, investigue oportunidades em sua região, então, ou mesmo considere o home office, o mundo está cheio de oportunidades!
Se você quiser conhecer mais possibilidades de segmentos do Turismo, leia o texto que dá um panorama sobre diferentes possibilidades.
Turismóloga, o que me move é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos: atuo na área de agenciamento e consultoria há mais de 8 anos. Atualmente, lidero e coordeno a filial da Egali Intercâmbio em Maringá/PR, além de ajudar muitos intercambistas a tirarem a ideia do papel! Para mim, antes de qualquer outra coisa, Turismo é oportunidade