Como escolher uma especialização no Turismo em 5 passos
A necessidade de se especializar em um segmento é cada vez mais importante. O mercado tem exigido uma expertise maior dos profissionais, com maior habilidades e conhecimento em uma área específica. Isso não quer dizer conhecimento em uma só área, mas uma capacidade maior de tomar decisões mais arriscadas e importantes em um segmento, o que exige maior conhecimento, habilidades e experiência em uma área, tarefa ou atividade. E o fato é que ao sair da faculdade de Turismo, os recém formados se deparam com a dura realidade: tem uma gama grande de conhecimentos em diversas áreas, mas muito superficiais; é o tal do “conhecimento holístico” da nossa profissão que, embora seja interessante, abre brecha para a necessidade de especialização. Mas então, em qual área do Turismo se especializar?
Você já deve ter ouvido falar em lifelong learning, né? Ok, pode ter ouvido falar em que nós precisamos aprender pelo resto da vida, ou seja, devemos continuar estudando para sempre, e não só enquanto na faculdade; lifelong learning é, basicamente, isso: aprender constantemente pelo curso da carreira/vida. E isso é verdade. O que acontece é que as pessoas tem distorcido esse conceito. Olha só, não é sobre sair fazendo cursos e acumulando certificados para “atualizar” conhecimentos quaisquer. Não é sobre fazer qualquer curso só para adicionar um certificado no currículo, ou mesmo dizer que você está sempre estudando. É preciso estudar e manter-se aprendendo e em constante desenvolvimento, desde que com qualidade. E, principalmente, com direção: o que vai ser importante na sua carreira, o que você realmente precisa para dar o próximo passo e por aí vai.
Acredita-se que o futuro dos cursos de Turismo será cada vez mais segmentado, inclusive com cursos específicos para diferentes áreas do conhecimento; Hsu (2018) fala inclusive no surgimento de novos cursos superiores mais técnicos em Turismo, e muito mais específicos para áreas em demanda: programação, desenvolvimento sustentável, comunicação, entre outros. Isso porque o mercado tem exigido rapidez e agilidade em entregar resultados muito rápido, o que demanda uma expertise que normalmente não combina com profissionais generalistas. Afinal, profissionais generalistas sabem um pouco de cada coisa e gerenciam muitas atividades – e esses profissionais ainda terão espaço. Mas um espaço cada vez menor, para menos profissionais, e possivelmente para quando já estiverem mais experientes e com mais anos de carreira, que permita um certo distanciamento de atividades operacionais, e uma maior proximidade com estratégia, e portanto, necessidade de gestão – e atividades mais gerais. Profissionais iniciantes precisam especializar-se e tornarem-se muito bons em um segmento com mais profundidade. Especialmente no início da carreira.
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Mas afinal, o que é se especializar?
Especializar-se em um segmento não significa necessariamente fazer uma especialização. Veja bem, uma especialização no Brasil é o nome oficial dado a um curso de pós graduação, ou seja, um curso destinado para aqueles que tem uma graduação. O objetivo desses cursos é de reciclar ou ampliar conhecimentos (PUCRS). Uma especialização, como já dito, é um tipo de curso de pós graduação voltada para profissionais que estão no mercado de trabalho “É uma capacitação que visa a desenvolver habilidades técnicas específicas em determinada área de formação”. A ideia é que profissionais possam se atualizar ou desenvolver habilidades e conhecimentos de um segmento específico: marketing digital, desenvolvimento sustentável, gestão hoteleira, entre outros.
Mas perceba que se especializar pode ser dado de diferentes formas e não só através de uma especialização oficial. É possível cursar um MBA, um mestrado, cursos curtos e esporádicos em instituições diversas, no Brasil e no exterior, entre outras. Afinal, especializar-se, em suma, é adquirir capacidade intelectual e prática de exercer uma atividade com maior produtividade e excelência, que permita que você, profissional, assuma maiores riscos e desafios com um respaldo técnico. Isso inclui desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos. Mas essa especialização não precisa acontecer através de cursos oficiais, ou mesmo cursos com o nome “especialização”.
Vivemos em um mundo em que o conhecimento está acessível de forma gratuita, online. E não é pouco conhecimento não: é todo o conhecimento. Cursos inteiros, especializações de universidades estrangeiras, especializações nacionais, e muitos outros podem ser acessados via Google, através de um celular ou computador. Especializar-se não é mais necessariamente sobre obter um certificado de especialista de uma Instituição pública. Essa é uma opção, não é a única e, na maioria dos casos, não é a melhor.
Tipos de especializações
Como falamos, existem diversas maneiras de se especializar. Algumas são mais indicadas do que outras, e é importante que cada profissional avalie qual é o tipo de caminho que vale mais a pena no seu caso.
Saiba, antes de tudo, que existem cursos bons online e offline, disponíveis apenas na internet ou apenas presencialmente, ou em ambos os formatos. Existem cursos bons e ruins em ambos os casos.
Cursos de atualização rápida, conhecidos por terem durações mais curtas, como 10, 36 ou 60 horas, por exemplo. Nesses casos, é preciso cuidar muito com a qualidade dos cursos. Um curso de “atendimento ao consumidor” em sua esmagadora maioria não apresenta mais vantagem nenhuma e serve como folha para empilhamento de diplomas. É um curso gostosinho, porém inútil.
No Brasil ou no exterior, existem diferentes tipos de cursos para especialização, sejam denominados como especialização ou cursos técnicos, por exemplo. Cursos de Verão são um tipo de especialização rápida que as Universidades estrangeiras tem como cultura forte, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. As Universidades oferecem cursos durante o período de férias escolares, à nível de graduação ou pós graduação, muitos com foco para o mercado e desenvolvimento de habilidades mais rápido.
Os tradicionais mestrados tem um foco mais acadêmico. Porém, fique atento pois tem uma categoria de mestrados chamados de “mestrado profissional” que costuma ser mais prático e com objetivo de desenvolvimento de habilidades para o mercado. São muito comuns no exterior. No Brasil, é preciso cuidar especialmente com quem são os professores desses mestrados e cursos ditos “práticos”, pois muitas vezes são os mesmos professores de graduação que não tem conhecimento prático – é aí que o curso acaba ficando muito teórico e perde pare importante do seu valor.
Master in Business Administration é um curso conhecido por ser voltado para profissionais com anos sólidos de carreira. No Brasil, esses cursos tem se desvirtuado um pouco e muitos profissionais recém formados tem participado. Mas esse não é o objetivo de um MBA. Esses cursos focam especialmente no conteúdo avançado e, especialmente, no networking que possibilitam: profissionais em altos cargos em empresas sólidas, que normalmente já lideraram equipes e assumiram grandes riscos, reúnem-se para participar desses programas para discutir problemas e pensar em soluções com outros profissionais no mesmo nível. Muitas boas Universidades exigem, inclusive, um mínimo de 10 anos de experiência e resultados comprovados, para manutenção da qualidade do curso.
Como escolher uma especialização
Características a serem observadas ao escolher uma especialização:
1. Seu objetivo
É muito legal estar atualizado sobre tudo. Mas isso não significa se especializar. Portanto, não basta fazer cursos de diferentes temas e dizer que você nunca para de estudar e mesmo assim o mercado não valoriza. Você precisa determinar um objetivo e, a partir daí, determinar qual é a melhor área para se especializar. Lembre-se: não é sobre estudar tudo e qualquer assunto, mas estudar aquilo que é relevante para o seu objetivo e o seu perfil. É importante olhar para um curso, uma especialização ou capacitação como o meio para atingir um fim. Ou seja, o fim é o seu objetivo e o curso deve levar você até seu objetivo.
Para entender melhor sobre esse assunto, leia o texto que publicamos sobre Planejamento de Carreira em Turismo.
2. Conteúdo
Existe um número enorme , quase inacreditável, de cursos e especializações absolutamente superficiais. Em outras palavras: cursos confortáveis e gostosos de fazer, mas que não vão acrescentar conhecimentos práticos e úteis que você precisa para crescer na carreira.
Portanto, o conteúdo deve ser o item número 1 na sua avaliação: o conteúdo ministrado é básico e vai me fazer sentir bem e confortável, ou vai ser um desafio e vai me tirar da zona de conforto? Veja, para que você realmente se especialize e tenha algum resultado com esse curso, é preciso que ele te desafie, do contrário, nada vai mudar e o curso pode ser só um curso gostosinho de fazer.
3. Escolha pelos professores
Professores sem experiência de mercado: Aqui vale uma observação, saber quem serão os professores dos cursos é importantíssimo e ainda ignorado pelos profissionais na hora de escolher um curso. Temos no mercado digital um grande número de charlatões, profissionais que fingem ter uma qualidade que não tem, que não tem resultados, não tem grandes conquistas nas suas carreiras e hoje vendem cursos. Esses profissionais não vão te ajudar a crescer, nem trazer credibilidade. O mesmo vale para especializações oficiais de instituições públicas no Brasil que, muitas vezes, são ministradas por professores com pouca ou nenhuma prática no mercado e muita teoria e acabam sendo só mais uma continuação da graduação – às vezes tão básica quanto.
4. Quem serão seus colegas?
Aqui vale observar quem serão os seus colegas. Fazer um cursos online é legal e gostosinho: você nem precisa sair de casa. Mas será que é realmente a melhor opção? Ok, para alguns cursos e conhecimentos rápidos pode ser a solução. Mas muitas vezes, um dos pontos altos de um curso é justamente o networking. Seja 2 semanas de aulas presenciais ou aulas esporádicas em que você encontra colegas de cursos e troca experiências. Esses costumam ser momentos de grande crescimento pois ocorrem trocas ricas entre os alunos. Pense: se você vai estudar só com recém formados, que tipo de benefícios terá?
5. Resultados de ex alunos
Quem fez esse curso que você quer fazer e que resultados eles tiveram com ele? Investir tempo e dinheiro em uma especialização, seja um curso curto, seja um curto mais longo, exige que você saiba que ele vale a pena. Um cursinho de 10 horas pode ser gostosinho de fazer, mas ele vai trazer resultados na sua carreira? Ou vai ser mais um certificado pra sua pilha? Às vezes, vale a pena economizar tempo e dinheiro e investir em cursos que realmente sejam mais densos e com maior qualidade.
Procure pessoas que já fizeram esse curso e veja onde elas estão, o que elas conquistaram com a especialização, vale a pena? Fale com elas, pergunte. A maior prova de qualidade de um curso são os seus ex alunos e aonde eles estão agora: parados no tempo ou crescendo na carreira?
Por fim, lembre: especializar-se não significa necessariamente fazer uma especialização. Não significa nem mesmo somente fazer cursos. Mas quando se tratar de escolher cursos para adquirir conhecimentos, não esqueça que existem diferentes possibilidades para diferentes objetivos. Além disso, é importante analisar alguns pontos importantes na hora de escolher qual o melhor curso para fazer. Atualmente, existem infinitas possibilidades que vão além das tradicionais: busque conhecê-las antes de colocar a sua energia e o seu tempo em alguma delas; o seu resultado depende disso.
Fontes: Hsu, 2018 + [PUCRS]
Formação de Carreiras no Turismo, sou Mestre em Gestão de Turismo, fundadora da Escola de Turismólogos e do Turismologia.
Com mais de 13 anos de experiência no Turismo, ofereço capacitação para empresas do Turismo, acelerando resultados e aumentando produtividade, através de palestras e treinamentos.