Turismologia em Ação: entrevista – planejamento do Turismo
Olá, colegas! Dando continuidade a nossa série Turismologia em Ação, hoje tenho a grande honra de trazer a vocês um pouco da trajetória de um grande profissional que influenciou muito positivamente a mim e a muitos que hoje exercem a profissão que tanto amamos. Antes de mais nada, é preciso dizer que o professor Marcelo Ribeiro tem vasta experiência com planejamento do Turismo, bem como com patrimônio cultural. Sua trajetória inclui estágios, enquanto ainda estudante, e experiências relacionadas ao setor público – antes de, claro, entrar para a Academia como professor e pesquisador do Turismo.
Conheçam o professor Marcelo
Sou professor há 25 anos, com formação em turismo pela PUC do Rio Grande do Sul. Escolhi turismo por acreditar que era uma área interessante para o conhecimento a partir do deslocamento humano. Ao cursar turismo, tive contato com áreas que entendia que eram fundamentais para qualquer formação: história, geografia, publicidade e propaganda, fotografia, marketing, planejamento. Atuei com planejamento do turismo durante os anos de 1989 a 1998 junto a municípios e empresas no Rio Grande do Sul. Contribui com a ideia da Cooperativa de turismo do Rio Grande do Sul, a Coodestur que até hoje funciona em Porto Alegre.
O que o levou a estudar Turismo?
A curiosidade, o interesse em aprender, a ideia que poderia trabalhar com a alegria das pessoas, mesmo sabendo que o Brasil vivia uma grave crise econômica e que mudávamos de moeda a cada um ou dois anos.
Antes de atuar na academia, trabalhou em outra área do turismo?
Trabalhei com planejamento, fazendo inventários, planos e desenvolvendo programas desde educação para o turismo, passando por questões ambientais e de preservação do patrimônio cultural. Foram dez anos de trabalhos com aproximadamente 27 municípios. Trabalhava com setores da sociedade nos municípios através dos órgãos públicos que contratavam meus serviços, colaborei com governos do estado de diferentes partidos. Antes de me formar, fiz estágios em hotéis, agências de viagens e trabalhei como estagiário nos postos de informações turísticas em Porto Alegre.
Em seu dia a dia, quais os desafios que enfrentou e/ou enfrenta em sua área de atuação? Quais são as dificuldades de se trabalhar com Patrimônio Cultural?
Os desafios de trinta anos atrás quando me formei em turismo ainda persistem. O turismo hoje é visto por pessoas de senso comum ou sem formação, com pouco conhecimento, como uma área frívola, sem interesse… Creio que a cada crise econômica que o Brasil vivencia, sempre o turismo e a cultura são prejudicados e são os primeiros a sofrerem cortes. Vivemos um tempo de obscurantismo, onde se pensou mudar o que se fez nos últimos quinze anos, mas sem ter algo claro, um projeto de país, incluindo a cultura, a educação e o patrimônio cultural que são intimamente ligados.
O patrimônio cultural sofre com a ignorância e a falta de sensibilidade, quando vemos uma casa ou um edifício antigo, de valor patrimonial de uma época de uma cidade ser demolido, temos claro que houveram cúmplices e gente insensível com o passado. O que se pode é educar, mostrar que preservar e manter viva a memória é fundamental para entendermos as cidades, o estado e o país.
Sabemos que o Curso de Gestão de Turismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) enfrentou e ainda enfrenta grandes desafios, como ter iniciado suas atividades em um município vizinho ao principal campus, de difícil acesso, sem contar a própria estrutura do local, que era bastante limitada. Posteriormente, enfrentou uma transferência que envolveu diversos interesses de diferentes grupos e uma adaptação no Centro de Ciências Sociais e Humanas no campus de Santa Maria. Considerando sua perspectiva de primeiro Coordenador do Curso de Turismo na UFSM, o primeiro a aceitar o desafio, como o senhor vê o curso atualmente? O que mudou e ainda precisa mudar? O que é positivo no curso?
O curso Tecnológico Superior de Gestão de Turismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) completa dez anos de história este ano. Passou seis anos de sua existência no município de Silveira Martins e, há quatro anos estamos no Centro de Ciências Sociais e Humanas da UFSM. Mudamos pela terceira vez o currículo para nos aproximarmos do que se pensa em formação de turismo. Um curso que possui uma formação ampla, de no mínimo uma dezena de atividades possíveis deve ser repensado de tempos em tempos. O que eu vejo de positivo no curso, além da reforma curricular é que o curso passa dos 2,5 anos de duração que o Ministério do Turismo sugeriu em 2012 na sua última avaliação para 3 anos. Nos tornamos um Departamento de Turismo, com o forte propósito de investir na pós-graduação, com a criação de um Mestrado em Turismo.
O que poderíamos fazer, estamos procurando com um grupo de 8 professores fazer. Passamos agora por um período delicado de uma ameaça de privatizar a Universidade pública no Brasil, um projeto elitista em que está claro a distância entre incluir pessoas de baixa renda e excluí-las.
Qual ou quais são os projetos relacionados ao Turismo que o senhor participa atualmente?
Participo de projetos relacionados ao turismo e patrimônio cultural, sobre o uso e consumo de bens patrimoniais em municípios da região, Santa Maria, Santiago e Cachoeira do Sul. Coordeno desde 2016 o grupo de pesquisa Turismo e Patrimônio Cultural, o TuPaC. Estou elaborando meu projeto para o meu Pós doutorado em 2020, relacionado ao tema turismo e patrimônio cultural, provavelmente em uma Universidade no México. Atuo no Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural como professor e Coordenador substituto, no segundo mandato.
Como o senhor avalia a atual grade curricular do Curso na UFSM? O senhor acredita que alterações sejam necessárias? Se sim, o que alteraria?
Creio que respondi na pergunta anterior. O currículo foi reestruturado, com novas disciplinas, com mais um semestre e com as Disciplinas Complementares de Graduação que pensamos para complementar a grade.
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Gostaríamos de agradecer ao professor Marcelo Ribeiro por ter aceitado nosso convite em partilhar conosco e com nossos colegas sua trajetória e experiências. Obrigada pela sua participação! Já lhe dissemos isso antes, mas não custa deixar registrado o nosso agradecimento por suas dicas, conselhos e ajuda sempre que preciso.
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Observação: As opiniões e respostas apresentadas por terceiros/entrevistados/profissionais não refletem necessariamente a opinião do Turismologia. A Série Turismologia em Ação tem como objetivo exposição de diferentes experiências de carreira e de vida que, consequentemente, resultam em diferentes perspectivas. As diferenças, no entanto, são não só respeitadas, mas bem vindas.
Turismóloga, o que me move é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos: atuo na área de agenciamento e consultoria há mais de 8 anos. Atualmente, lidero e coordeno a filial da Egali Intercâmbio em Maringá/PR, além de ajudar muitos intercambistas a tirarem a ideia do papel! Para mim, antes de qualquer outra coisa, Turismo é oportunidade