Turismologia em Ação – entrevista: intercambista francesa
Hoje temos um post super especial: uma entrevista da minha amiga Lucy – que aqui eu chamo de intercambista francesa carinhosamente, e que tive a oportunidade de conhecer durante meu intercâmbio em La Plata, na Argentina. Mantemos contato até hoje e essa é uma das melhores coisas de se fazer um intercâmbio: a amizade com pessoas das mais diversas nacionalidades, sem contar a troca cultural! Sempre tive curiosidade sobre essa pessoa incrível, ela é muito inteligente, animada, gente boa, conhece muitas línguas e lugares diferentes e ela é de uma simplicidade que vocês não imaginam! Sempre foi discreta e agora, através de nosso convite pelo Turismologia, poderemos conhecer ainda mais sobre essa querida francesa, seu intercâmbio e sua visão sobre o turismo!
Esse texto dá início à série Turismologia em Ação, em que traremos entrevistas periódicas com profissionais do Turismo, com dúvidas de vocês, dicas e informações a respeito da rotina e desafios da profissão.
Contexto
Eu me chamo Lucy, sou francesa. Atualmente, vivo em Paris, mas vivi em várias cidades através dos meus estudos na França e no exterior. Tenho três diplomas e o mais recente é um mestrado em Turismo pela Universidade Charles de Gaulles de Lille (uma cidade ao norte da França, perto da Bélgica), cujo título conferido é Mestre em Línguas Estrangeiras Aplicadas em Projetos Turísticos.
Agora sim, vamos à entrevista com a nossa intercambista francesa
1 – Vamos começar com uma pequena introdução sobre o curso de Turismo. Portanto, de maneira geral, como é o curso e em que área/segmento do turismo ele é focado?
Eu acabei meu curso de mestrado, cuja duração era de 2 anos, em 2016. Tinha várias matérias em francês, inglês e espanhol: Criação de Projetos, Contabilidade, Geopolítica, Direito do Turismo, Marketing, preparação para entrevistas. Nesse contexto, metade dos alunos fazia aulas de espanhol e a outra parte da turma em alemão. Também, tinha que fazer dois estágios (entre três e seis meses cada).
2 – Que qualidades e deficiências você percebe na grade curricular do seu curso?
Gostei da possibilidade de aprender sobre o turismo de várias regiões na França. E poder aprender e criar projetos em vários idiomas, assim descobrindo o turismo em outras partes do mundo onde se falam esses idiomas: Reino Unido, Estados Unidos, América Latina e Espanha. Quando se estuda o turismo, um setor tão internacional, é importante poder entendê-lo em outros idiomas.
Gostei menos de Direito e de Contabilidade, mas também são disciplinas importantes para saber como administrar uma agência de viagens, por exemplo, ou outro tipo de negócio. Fiz meus dois estágios no Reino Unido: em Londres (2015) e em Newcastle (2016).
3 – Como foi a sua experiência de trabalho depois de sair da academia ou mesmo durante, e como foi relacionar a prática com o conhecimento teórico obtido?
Tive sorte com o trabalho porque comecei com um emprego (temporário) de verão em uma escola de negócios muito prestigiosa. E depois, através do boca a boca, pude ganhar outras experiências. Mas não posso dizer que sou um bom exemplo: não trabalhei muito no setor do turismo depois de acabar meus estudos, a não ser em escolas. Sempre mantive certa relação com viagens, porque era encarregada dos alunos estrangeiros que queriam estudar na França, seja para a obtenção de um título ou para estudar o idioma francês. Sempre trabalhei com clientes internacionais e gosto de manter esse aspecto em meu trabalho. Assim, sigo aprendendo sobre o mundo e outras culturas enquanto trabalho.
Dados de Crescimendo de Intercâmbios no Brasil
4 – O que considera negativo e positivo, de modo geral, em oportunidades de empregos no turismo?
O mercado de trabalho do turismo difere de um país para outro, mas é um setor muito particular, porque é muito restrito. Muda sempre segundo as necessidades dos clientes, às novas tendências, aos atentados ou acidentes meteorológicos. Deve se renovar sempre. Então trabalhar em esse setor é um desafio.
Conhecer programas específicos faz falta, assim como saber falar inglês ou outro idioma pelo menos (chinês ou árabe em Paris, porque há muitos turistas da China e do Oriente Médio). O (lado) bom é que você tem a possibilidade de estar sempre em contato com novos desafios. O (lado) ruim é que a noção de prestação de serviços não tem o mesmo sentido de uma cultura para outra, portanto, precisa melhorar.
Outra dificuldade é a competição entre os profissionais em busca de emprego, que, hoje em dia, têm mais ou menos o mesmo perfil em um mercado de trabalho exigente, por um salário muito baixo.
5 – Você pode contar brevemente o que a motivou a ir para La Plata e como foi a sua experiência de intercâmbio?
Ir para a Argentina era um objetivo pra mim, porque queria morar em um país de língua espanhola na América Latina e, também, porque gosto de tango. Minha universidade em Lille tinha convênio com a universidade de La Plata, então fui fazer meu segundo ano de mestrado lá.
Fiquei apenas um semestre porque tinha que fazer um estágio depois. Tenho boas lembranças do meu intercâmbio. De maneira geral, foi um momento de descoberta e um choque cultural para mim, em tudo: a comida, a mentalidade, as roupas, as tradições, o sotaque em espanhol, a música, a maneira de ensinar na universidade, o clima, etc.
6 – E agora, o que você está fazendo ou buscando, quais são seu planos para o futuro?
Agora trabalho em uma escola de negócios em Paris, para o setor de acessos e exames de ingresso. No próximo ano espero poder me mudar outra vez. Eu quero emigrar para a Inglaterra ou Espanha, de acordo com as oportunidades de emprego.
7 – Por último, fale um pouco da região onde você vive e como é a atividade turística na localidade.
Paris é a capital da França e a cidade mais turística do mundo. Tem muito para oferecer aos turistas: uma vida cultural, uma experiência linguística e gastronômica, uma vida noturna. Há um monte de lojas de moda, parques, museus, lugares históricos e restaurantes. Como cada bairro tem sua identidade própria, pode-se mudar de ambiente de um bairro a outro, estando na mesma cidade. A atividade turística nunca para em Paris, embora os atentados e os demais eventos recentes tenham impactado a frequência de visitas.
Além dos monumentos mais conhecidos, a cidade está rodeada de regiões com mais verde e outros tipos de atividades: parque de atrações como Disneyland, atividade física nos bosques (Compiègne, Rambouillet, Fontainebleau, etc.), visitas em castelos, entre outros.
Por fim, a França tem fronteira com oito países e há três aeroportos em Paris, com voos regulares desde e para cidades europeias próximas e, também, mais distantes fora da região. São vantagens consideráveis para as visitas e o movimento de pessoas. O que constitui, essencialmente, o turismo.
Muito obrigada, Lucy! E sucesso!
*Entrevista original em espanhol e traduzida pela nossa equipe.
Para qualquer contato, enviar e-mail para equipeturismologia@ gmail.com e segue a gente no Instagram @_turismologia – tem muita interação e muito conteúdo diário sobre Turismo, fácil e rápido de consumir. E caso tenha dúvidas ou sugestões de assuntos, pode se sentir livre para comentar aqui embaixo… Queremos mesmo que você faça parte da nossa comunidade! Seja muito bem-vindo, colega 🙂
Turismóloga, o que me move é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos: atuo na área de agenciamento e consultoria há mais de 8 anos. Atualmente, lidero e coordeno a filial da Egali Intercâmbio em Maringá/PR, além de ajudar muitos intercambistas a tirarem a ideia do papel! Para mim, antes de qualquer outra coisa, Turismo é oportunidade