A violência e seus impactos no turismo do Brasil
[…] Ana Carolina Santos vive uma saga para manter o celular a salvo em sua mochila. Em um intervalo de nove meses, a estudante de 22 anos teve o aparelho roubado ou furtado quatro vezes. O primeiro assalto foi em julho de 2017. Numa viagem de ônibus, um garoto enfiou o braço pela janela e deu o bote – arrancou o celular de suas mãos e saiu correndo. Cinco meses depois, o segundo roubo, desta vez na saída de um baile em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Passou-se mais um mês e, enquanto a estudante estava distraída num bar com um amigo, lá se foi mais um. Mal dava tempo de esquecer o último aparelho. Na última vez em que foi roubada, em março, logo na rua de casa em Brás de Pina, também na Zona Norte, a estudante ainda pagava as prestações de um dos celulares que perdeu. A violência urbana levou a estudante de Comunicação a mudar de hábitos […].[1].
O que vemos e lemos todos no dia-a-dia do brasileiro são as mudanças de hábitos devido a insegurança. Essas mudanças de comportamento na vida dos brasileiros podem ser comprovadas pela pesquisa realizada pelo Instituto Gallup denominada 2018 Global Law and Order. A pesquisa busca entender o nível de confiança e a sensação de segurança de cada nação pelos seus habitantes e para isso considera variáveis como: confiança na polícia, sensação de segurança na rua à noite e assaltos nos últimos doze meses anteriores a pesquisa. De acordo com a pesquisa após leves variações no índice de confiança, foi em 2017 que o Brasil teve sua primeira queda acentuada na pontuação e vem caindo desde então. Para a cientista política Ilona Szabó a razão de insegurança do brasileiro é o alto índice de crimes contra a vida. Afirmando que esse medo que muda hábitos não provém do nada. Sendo um dos fatores que trazem essa insegurança, a instabilidade política. Porém, mesmo em momento de crise o Brasil teria outras chances se tivesse um plano de ação consolidado no campo da segurança pública.[1]
Em matéria publicada em 12 de fevereiro de 2017 a BBC Brasil retratou a paralização da polícia militar do estado do Espírito Santo, que fez reacender a crescente crise da segurança pública no Brasil. Diante do que estava ocorrendo no estado, especialistas consultados pela BCC elencaram as 5 principais razões pelo qual a crise brasileira na segurança pública ocorre. Sendo elas:
Limbo sócio-jurídico: há um vácuo jurídico acerca do tema segurança pública. Nossa constituição não diz o que é segurança pública. Somente diz que segurança deve ser exercida.
Precariedade do sistema penitenciário: o problema de fundo é que o Brasil encarcera muito e encarcera mal. E ainda há o problema de guerra de facções dentro do presídio.
Reformas que não saem do papel: o plano nacional de segurança é semelhante ao de 2002. Temos uma série de reformas que foram discutidas, mas não concretizadas até hoje. Uma baixíssima eficácia institucional.
Falta de investigação: O estudo Diagnóstico da Investigação de Homicídios no Brasil, realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e divulgado em 2012, apontou que a média nacional de resolução de homicídios é de apenas de 5%. No Reino Unido, esse número é de 93%.
A falta de gestão da segurança no Brasil traz a sociedade vários impactos em seus comportamentos e suas atividades produtivas. Principalmente quando essas atividades produtivas ocorrem ao “ar livre”, como o turismo. O dia-a-dia dos noticiários se resumem a abordagem da criminalidade e de aspectos negativos da segurança pública. O impacto da insegurança influencia as demandas do turismo tanto nacionalmente quanto internacionalmente.
De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostrou que somente no Rio de Janeiro no período de de janeiro a agosto de 2017, a criminalidade provocou a queda de R$ 657 milhões nas receitas do turismo fluminense. A violência foi responsável por 29% da perda total de faturamento do setor no período que chegou a R$ 2,3 bilhões (demais valores que equivalem a 71%, se referem ao resultado de perda da atual conjuntura econômica do país).[3]
Se acessarmos o site do governo do reino unido é possível ler várias recomendações que o governo dá aos viajantes quando pretendem vir ao Brasil. Lugares a serem evitados a fim de garantir a segurança do visitante. Em um país no qual cerca de 60 mil pessoas são assassinadas, o que equivale a 29 homicídios por 100 mil habitantes, se faz necessária a priorização da segurança pública e garantia do direto de ir e vir de cada cidadão. O Brasil tem uma violência comparada a países que estão em guerra. Um país com território de medidas continentais e uma diversidade que o torna um produto turístico internacionalmente atrativo é descartado pela demanda internacional devido à falta de segurança pública e os constantes relatos de conflitos de facções nos morros da cidade que é considerada cartão postal do Brasil. A segurança pública se gerida de forma eficaz garante somente no Rio de Janeiro os R$ 657 milhões perdidos. Entendam como mais empregos e oportunidades para um país de 13 milhões de desempregados. Então precisamos de um governo que foque na segurança, realize mudanças significativas e eficazes quanto a defesa do cidadão e do visitante. Um governo que saiba trabalhar a segurança a fim de fortalecer a economia, principalmente no turismo.
Fontes
[1] Folha
[2] BBC
[3] CNC
[4] CNC 2
[5] uk.gov
[6] The Guardian
Atualmente exerce cargo de liderança na hotelaria no setor de Eventos, após ter sido trainee do grupo BHG (Brazil Hospitality Group). MBA em Negócios pela Universidade Potiguar, Bacharel do Turismo pela Universidade Potiguar, Rio Grande do Norte.
Número reduzido de pontos extremamente válidos! Agradeço por você redigir este post e resto do site também é muito bom.
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