Reflexões acerca da Internacionalização do Ensino Superior no Brasil

Reflexões acerca da Internacionalização do Ensino Superior no Brasil

5 de Fevereiro, 2019 0 Por Paula Marchesan

Reflexões acerca da Internacionalização do Ensino Superior no Brasil. Após ter refletido acerca do tema, percebo que ainda há necessidade de se discutir quais são os resultados que estão sendo atingidos com os intercambistas que viajam do Brasil para os mais variados destinos. Precisamos falar, com foco nos intercâmbios institucionais, àqueles financiados pelo governo e pelos órgãos a ele associados, a respeito dos intercâmbios públicos. Explico: Qual é o tipo de preparo que estão tendo os estudantes de Instituições de Ensino Superior Brasileiras para realizar uma mudança que envolve uma temporada no exterior?

Já refletimos a respeito dos dados do crescimento dos intercâmbios aqui e eu sugiro a leitura desse texto também, afim de adquirir mais dados e conhecimento geral sobre o tema.

Já a alguns anos venho trabalhando com intercâmbios e alunos intercambistas, em ambas as esferas: pública e privada, principalmente no preparo, orientação e auxílio a brasileiros que querem morar fora do país temporariamente. Minha experiência não se restringe ao planejamento, mas também ao auxílio da escolha e, eventualmente, documentação específica para destinos variados. E tenho recolhido informações, na forma de percepções, impressões, histórias e acontecimentos, de que fazer um intercâmbio é, em muitas ocasiões, símbolo de status, tendo seu crescimento acelerado e, arrisco a dizer, desordenado. O “Brasil é o sexto maior país “exportador” de estudantes: em 2015, foram 34 mil. Apenas os Estados Unidos receberam 24 mil deles”. Uma das muitas consequências é uma imagem do Brasil no exterior que não conseguimos controlar.

Dito isso, entendo que, ao refletir a cerca de um intercâmbio, temos o envolvimento de alguns fatores:

– A imagem, e consequente formação da reputação, do país de origem, nos países receptivos;

– Questões técnicas: o aproveitamento, gerado pelo preparo ou pela falta de preparo, do intercambista, sejam referentes ao idioma ou à capacidade técnica específica;

– Questões pessoais: preparo pessoal do intercambista e, questões psicológicas e o preparo emocional em torno de uma mudança de realidade e contexto – mesmo que temporários;

– As relações entre universidades e instituições, e consequente relações entre os países.

– O retorno desse investimento público para a comunidade do país – Como ele deve ser medido?

A reflexão pretendida com este texto é sobre o quanto nos preocupamos, como país, em enviar estudantes não somente capacitados, mas emocionalmente preparados para ter um aproveitamento maior fora do seu habitat natural. E quando menciono a palavra preparo, estou ciente de que ela adquire mais do que apenas um significado, pois abarca não só o objeto do intercâmbio – o aluno; mas uma série de agentes envolvidos em fazer com que essa viagem aconteça e que tenha resultados positivos. É necessária a soma de um grande grupo de pessoas, espalhadas geograficamente, mas que precisam trabalhar em rede e ter objetivos claros quanto ao que se pretende obter com uma viagem de estudos ao exterior. Exemplifico que a ideia aqui é que se tenha coordenação dos agentes envolvidos em prol de um processo maior. Tudo isso faz parte da internacionalização.

Estamos aqui nos referindo ao trabalho de equipe da Universidade receptora e da Universidade de origem. Marília Morosini, professora da UFRGS, que trabalha com Internacionalização do Ensino Superior, traz, em sua apresentação ao Seminário ABMES, alguns elementos que são parte importante da internacionalização de instituições: a coordenação do staff da Universidade de origem para o planejamento e adequação de intercâmbios, o investimento financeiro corretamente distribuído, planejamento de órgãos públicos e instituições e, portanto, uma sintonia de comunicação entre setores e departamentos, formando uma rede de integração necessária.

A professora Morosini ainda traz ainda dados a respeito de um dos maiores programas de internacionalização do país: o Ciências sem Fronteiras, em que “80% dos alunos do CsF teve problemas para revalidação de diploma/ disciplinas”. Esse tipo de problemas precisa ser projetado antes que o investimento bilionário seja feito, antes de que o intercâmbio aconteça, que os alunos voltem e se frustrem. E que, obviamente, não se obtenham resultados. Esses são dados. Agora, segundo a minha experiência, tendo trabalhado diretamente na implantação desse programa em uma instituição pública de ensino superior, e após, tendo lidado diretamente com alunos que realizaram o intercâmbio, eu entendo que também temos alguns resultados negativos relacionados à absorção de conteúdo, dificuldades variadas de adaptação e a dificuldade de obtenção da fluência do idioma estudado.

É preciso que haja conscientização quanto a importância que os intercâmbios têm no futuro dos alunos que viajam e, portanto, na necessidade da preparação dos mesmos para que existam objetivos e que os resultados sejam atingidos. É preciso que haja ambição quanto ao que se pretende com uma viagem de estudos no exterior e que ela, de fato, tenha suporte de um governo e instituições coesos, trabalhando em prol do desenvolvimento de algo maior.

 

Referências:

Seminário ABMES

Fundação Estudar Fora

 

Author: Paula Marchesan

Formação de Carreiras no Turismo, sou Mestre em Gestão de Turismo, fundadora da Escola de Turismólogos e do  Turismologia.

Com mais de 13 anos de experiência no Turismo, ofereço capacitação para empresas do Turismo, acelerando resultados e aumentando produtividade, através de palestras e treinamentos.