Iniciativas para evitar/ amenizar os efeitos negativos do turismo de massas
A união europeia recebeu 671 milhões dos 1,3 bilhões de pessoas que o turismo internacional movimentou pelo mundo em 2017. As consequências negativas que o grande número de pessoas viajando pelo mundo pode acarretar vêm chamando a atenção em muitas cidades. Principalmente quando elas viajam juntas e para destinos que acabam se tornando populares. O Turismo de massas é um assunto que tem atraído atenção há algum tempo e, atualmente, tem atraído ainda mais atenção, dadas às consequências resultantes dele. As autoridades das mesmas têm a difícil missão de cuidar de uma indústria importante para a economia europeia e manter feliz a sua comunidade. Portanto, neste texto, vamos abordar algumas iniciativas para evitar/ amenizar os efeitos negativos do turismo de massas.
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Amsterdã e Veneza criam medidas para amenizar os efeitos negativos do turismo de massas
Em outubro de 2017, Amsterdam anunciou a proibição da abertura de novos estabelecimentos comerciais voltados para turistas no centro da cidade, como fast foods e lojas de souvenirs. Amsterdam já havia, inclusive, banido a circulação de ônibus turísticos e cruzeiros na região central, proibindo também a construção de novos hotéis. Também em 2017, Veneza proibiu a circulação de grandes cruzeiros no centro, mas a lei entra em vigor em 2019. Ainda, como iniciativa para amenizar os efeitos negativos do turismo de massas, a prefeitura de Veneza e o governo da região de Veneto propõem limitar o acesso de turistas no centro da cidade, com catracas nas três pontes de acesso à cidade e nos terminais onde desembarcam os passageiros de cruzeiros.
No auge do verão em Dubrovnik, na Croácia, um passeio de 300 metros na zona histórica da cidade pode demorar 40 minutos. O aumento de turistas e a diminuição da qualidade de vida estão reduzindo o número de habitantes da cidade e, ainda, o “boom” imobiliário intensifica o êxodo. Veneza enfrenta o mesmo problema: a cidade italiana perdeu praticamente a metade de sua população em apenas 30 anos. Santorini, a ilha grega mais popular, está saturada: no verão de 2016 chegaram 10 mil cruzeiristas por dia, e as autoridades querem limitar esse número para 8 mil.
Outro lugar onde as autoridades tentam fazer com que o turismo não morra, justamente por causa de seu sucesso, é Roma, que pretende evitar que os 30 mil visitantes que todos os dias se aproximam da Fontana di Trevi se detenham diante dela, fixando limites nas visitas; e o mesmo acontecerá com a Igreja Trinità dei Monti.
Portugal e o turismo de massas
Como exemplo de prevenção, cidades portuguesas como Porto e Lisboa, apesar de não terem sofrido protestos nem manifestações, já vêm tomando providências para controlar o fluxo de visitantes. A Câmara Municipal de Lisboa, em julho de 2017, anunciou a proibição de circulação de autocarros turísticos com mais de nove lugares na Sé e no Castelo de São Jorge, evitando assim problemas de ruído e congestionamento de trânsito para os moradores. A diretora geral do Patrimônio Cultural, Paula Silva, também em 2017, propôs a diversificação da oferta, através da criação de novos itinerários e roteiros, com o objetivo de desafogar a concentração de turistas em determinados monumentos, mais uma medida para amenizar os efeitos negativos do turismo de massas.
Regulamentação de serviços para turistas de massas
É importante salientar que o desenvolvimento de plataformas online como o Airbnb, para aluguel temporário de moradias, tornou esse tipo de serviço muito lucrativo em cidades com intensa movimentação turística. Algumas cidades declararam guerra ao Airbnb, mas a ascensão foi inevitável. Esse serviço precisa estar devidamente regulamentado, uma vez que, com o constante avanço tecnológico, negócios desse tipo continuarão se expandindo e o controle do mesmo ajuda também a controlar o fluxo de turistas.
Amsterdam é um dos destinos pioneiros na regulamentação do serviço: a cidade estipulou que os proprietários dos imóveis podem disponibilizar apartamentos em plataformas digitais, como o Airbnb, por apenas 60 dias, e a partir de 2019, somente por 30 dias. O governo de Barcelona congelou a concessão de licenças para novos hotéis e é extremamente inflexível com alugueis ilegais de apartamentos: em 2016, o Airbnb foi multado em 600 mil euros por disponibilizar moradias que não estavam legalizadas em seu portal.
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Ok, mas e o turista nessa história?
Pegi Vail, antropóloga americana, gravou ao longo de 14 anos o filme “Gringo Tails”, onde, por meio de imagens in loco, entrevistas com turistas, guias e escritores especializados em viagens, acompanha as transformações que a chegada em massa de turistas provoca em lugarejos de países como Tailândia, Butão, Mali e Bolívia. Em uma entrevista ao G1, onde lhe foi questionado sobre dicas para turistas que querem viajar com responsabilidade, ela aconselha:
“1º: Independentemente do orçamento com o qual você viaja, não custa nada se informar sobre o destino para o qual você está indo e aprender o que fazer e o que não fazer no lugar. Isso pode ser feito por pesquisas online, por livros escritos por pessoas dessa sociedade ou ao menos lendo a seção de contexto no seu guia de viagem. 2º: Tenha em mente que você não é invisível; nós não apenas somos afetados pelas pessoas que visitamos e pelos lugares, mas potencialmente exercemos um tremendo efeito sobre eles. 3º: Encontre iniciativas locais de turismo que vão beneficiar o ambiente e as comunidades que os operam e visite-as. Apoie iniciativas de ecoturismo com reputação sólida.”
Quando estamos viajando estamos escapando de nossa rotina, do nosso dia a dia, e não queremos pensar em “responsabilidades”. Pessoas são pessoas, então sempre haverá uma porcentagem de turistas que é mais prejudicial do que outras em todo tipo de viagem, seja uma pessoa jovem viajando com baixo orçamento, o turista de massa ou o viajante de luxo. No entanto, viajar é um privilégio e temos que levar em conta que sempre somos hóspedes em outra cultura. Cada cidade tem o desafio de lidar da melhor maneira com o crescente número de turistas pelo mundo. A nós, cabe estarmos cientes sobre o que nossas atitudes podem provocar no destino escolhido, porque é importante salientar que, enquanto turistas, podemos sim ajudar a evitar ou amenizar os efeitos negativos do turismo de massas.
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Turismóloga, o que me move é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos: atuo na área de agenciamento e consultoria há mais de 8 anos. Atualmente, lidero e coordeno a filial da Egali Intercâmbio em Maringá/PR, além de ajudar muitos intercambistas a tirarem a ideia do papel! Para mim, antes de qualquer outra coisa, Turismo é oportunidade