Uma agente de viagens em uma excursão rodoviária
Como eu já falei aqui, fazer uma viagem, ou excursão rodoviária, exige organização e planejamento. Mas um agente também consegue se divertir e conhecer lugares, enquanto trabalha. E é precisamente esse tema que vou abordar aqui. Estive recentemente trabalhando com um grupo em uma excursão em Itá, Santa Catarina, e fiquei encantada com a história da cidade, com o local onde nos hospedamos, com o ar puro e belezas naturais de Itá! Vou fazer um breve relato histórico e comentar um pouco sobre como é bom viajar em grupo, tanto da perspectiva do agente, quanto do passageiro que optou por ir também, vamos lá? Uma agente de viagens em uma excursão rodoviária!
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Itá, Santa Catarina, sob a perspectiva de uma agente de viagens em excursão rodoviária
Nos anos 1990, mais especificamente a partir de 1° de março de 1996, os itaenses sofreram uma grande mudança em seu cotidiano: começava a construção da Usina Hidrelétrica Itá. Para o pleno funcionamento da usina, porém, o município de Itá precisaria ser completamente inundado (isso mesmo!). A notícia de que a cidade de Itá seria inundada foi propagada em 1979 e a nova cidade foi oficialmente inaugurada em 1996, há quatro quilômetros da cidade inundada, para tudo ocorrer como o planejado para a construção da Usina.
Segundo o censo 2010 (IBGE), Itá conta com 6426 habitantes e há menos de trinta anos, a população era 21,87% urbana e 78,13% rural, tendo a agroindústria como principal fonte de renda. Com a completa instalação e desenvolvimento da nova cidade de Itá, ano após ano, o município foi sofrendo um grande processo de evasão rural: em 2010, a população itaense já havia se tornado mais urbana que rural, uma vez que 63,13% da população passou a viver em zona urbana e 36,87 permaneceu ou passou a viver em zona rural. Esse cenário teve reflexos que impactaram na geração de novas atividades econômicas, onde o turismo passou a ser visto como uma fonte alternativa ou mesmo principal de renda (BERNARDY; FERREIRA, 2018).
Após a inauguração de Usina Hidrelétrica Itá, em 2000, viabilizaram-se diversas formas de exploração do turismo no local, possibilitando a partir desse momento o surgimento de diversos atrativos, como o parque termal, o Eco Parque, festas tradicionalistas, o filó (abertura da semana do município), as trilhas, o arvorismo, a tirolesa, o turismo rural, entre outros (ITÁ, 2018).
No Rio Grande do Sul, em especial na região central, o turismo hidrotermal se popularizou muito e Santa Catarina é um dos principais destinos quando é esse tipo de turismo que se busca. No parque termal de Itá, de iniciativa privada, encontra-se o Itá Thermas Resort e Spa, que é uma opção de hospedagem no município. Perto de Itá, também encontram-se outras opções, como Termas de Piratuba, Termas do Gravatal (mais para o litoral de SC), e mais para baixo, no Rio Grande do Sul, Termas de Marcelino Ramos, entre outras opções.
O que chamou minha atenção, além da curiosa história de Itá e de como o turismo passou a ser uma atividade econômica importante (inclusive através de excursão rodoviária), é como você é muito bem recebido: todos no município te atendem e te tratam muito bem, você se sente acolhido. Em especial no Resort, a equipe de recreação é incrível e o próprio local oferece diversas opções para que o hospede se aproxime mais da cultura local, conheça sua história, com trilhas guiadas (onde sempre tem um coordenador de grupo contando a história e as curiosidades), filmes (que me pareceram vídeos aula, pois eram dinâmicos e bem explicativos) e demais passeios interativos.
Mas e como é uma excursão rodoviária em Itá?
Para excursões, esse é um lugar ideal. Cada um dos passageiros que integram um grupo escolhe um mesmo destino, mas cada um com uma motivação diferente. Uma de minhas clientes aproveitou o quanto pode as piscinas termais internas (porque junho é consideravelmente frio para as externas), outros passageiros participaram de todas as trilhas dentro da programação, já outros exploraram o maravilhoso spa, alguns eram também motivados pela programação noturna do Resort e assim por diante. Eu ouvia comentários do tipo “você vem para descansar, mas você descansa se divertindo”, “o tempo aqui é bem aproveitado” e é muito gratificante quando os passageiros demostram isso. Sem contar que amizades costumam começar durante a viagem: nosso grupo dessa vez era menor que o normal e o lado bom foi que os passageiros se aproximaram ainda mais, compartilhando experiências, combinando de participarem de outras excursões, incrível!
Para concluir esse breve relato de uma excursão rodoviária e a história de uma cidade singular, acrescento que quando você, agente de viagens, organiza uma excursão rodoviária (ou mesmo aérea), por vezes, você pode ter de acompanhar o seu grupo. Isso é uma ótima oportunidade, porque faz com que você veja a coisa acontecendo, você já não está dentro do ambiente da agência em que você trabalha. Você é responsável pelo grupo, você está representando a empresa, você se aproxima de seus clientes, você faz parte! Ah, também tem os imprevistos, nunca as coisas acontecem exatamente como deveriam porque você está lidando com muitas pessoas diferentes, mas perder a calma nunca vai te ajudar, nunca. Então, não tem jeito… é respirar fundo e buscar uma solução.
Quando você retornar da viagem, você vai vender novamente aquele pacote, mas com uma abordagem diferente, mais real e ainda mais sincera, você vai poder falar de detalhes e curiosidades com o seu cliente, coisas que somente você sabe por que você estava lá. Alguma falha ou imprevisto que possa ter ocorrido pode (e deve) ser evitado na próxima viagem. Tudo é aprendizado e experiência. O serviço prestado vai aperfeiçoando-se, se você for atento.
Turismóloga, o que me move é ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos: atuo na área de agenciamento e consultoria há mais de 8 anos. Atualmente, lidero e coordeno a filial da Egali Intercâmbio em Maringá/PR, além de ajudar muitos intercambistas a tirarem a ideia do papel! Para mim, antes de qualquer outra coisa, Turismo é oportunidade