A gestão familiar e a profissionalização da hotelaria

A gestão familiar e a profissionalização da hotelaria

20 de Abril, 2018 0 Por Daniel Abel

Quem trabalha na hotelaria sabe o quão difícil é lidar com o mercado hoteleiro, realizar vendas, atender os clientes com satisfação e ainda competir com os demais hotéis nos valores de tarifas. Sabemos também que vários fatores são fundamentais na decisão de um viajante para escolher o seu hotel. Não é diferente dos demais, temos concorrentes e competimos entre si e também nos ajudamos, ou pelo menos deveríamos. Mas para alcançarmos uma melhor competitividade e assim garantir o melhor produto ao cliente é necessária uma boa gestão tanto dos hotéis como unidade, quanto hotéis de gestão familiar como mercado da hospitalidade. E é nessa área que temos dificuldades dentro do Brasil: a profissionalização da gestão dos hotéis.

Segundo o relatório Hotelaria em números 2017 emitido pelo Fórum de Operadores hoteleiros no Brasil – FOHB no Brasil temos 89% de nossa oferta como hotéis independentes. Somente 11% dos empreendimentos são filiados a cadeias hoteleiras, dos quais 5% pertencem a cadeias hoteleiras internacionais. Nos últimos anos as organizações hoteleiras buscam melhorias no padrão de gestão, buscando garantir sua sobrevivência em um mercado globalizado e cada vez mais competitivo. Sabemos que para ser competitivo no setor de serviços é vital o estudo das relações humanas, administração participativa, capacitação dos colaboradores, do empresário e também um bom modelo de gestão de qualidade. Visando que a gestão do turismo é complexa devido sua interdisciplinaridade por interagir com todos os setores da economia sua necessidade de saber lidar essencialmente com pessoas.

Em nosso mercado hoteleiro temos como maior oferta (89%) os hotéis independentes conhecidos como hotéis familiares. Esses hotéis possuem características peculiares que os diferem dos hotéis filiados a cadeias hoteleiras. Tem como pontos positivos seus valores, missão e poder de decisão. As rupturas desses valores respondem por grande parte do enfraquecimento dos grupos familiares. Vendo seus pontos negativos, expressam características como: gestão centralizada; limites subjetivos de autoridade e excesso de informalidade. Tendem a confiar no sentido coletivo de visão e missão considerando o planejamento formal um processo desnecessário. Por outro lado, as cadeias hoteleiras têm como características a descentralização da gestão, buscam a padronização de suas instalações e serviços em suas unidades e a constante busca por melhorias dos seus resultados.

Todas as empresas possuem fases de crescimento em uma vida com constantes transições. As empresas familiares sofrem, pois após 40 anos de gestão familiar tem dificuldades de repassar a gestão dos fundadores aos seus herdeiros. Exatamente nesse momento que a empresa precisa de redefinição dos seus processos, mudança de corpo diretivo e serviços buscando alcançar altos padrões de qualidade sendo mais competitiva para que sobreviva no mercado. Na hotelaria é primordial a qualidade dos serviços. Uma estratégia de gerir serviços com competência, alta qualidade e tomadas decisões descentralizadas a fim que os colaboradores possam ter liberdade de atender sempre buscando satisfazer as necessidades dos consumidores. Há necessidade de tornar os processos mais profissionais para poder competir com as grandes redes internacionais, que apesar de representarem o menor número em hotéis, ainda representam o maior número em unidades habitacionais (FOH).

Em um mercado cada vez mais competitivo e com o desenvolvimento da hotelaria internacional e a chegada de redes ao Brasil, percebemos a dificuldade de gestão que a maior fatia do nosso mercado ainda possui em qualidade de gestão dos equipamentos hoteleiros. Os hotéis independentes dentro de uma gestão mais fechada perdem competitividade, e para que sobrevivam é necessário a mudança do seu modelo de gestão. É fundamental como operadores da hospitalidade, trazemos a discussão à tona e a necessidade de lidar com o mercado mais profissionalmente. Discutirmos a lacuna que temos diante de um mercado mundial crescente. E estarmos diretamente em parceria com os demais operadores do turismo e estudiosos da área.

Fontes FOHB

Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 5, n. 9, jul./dez. 2013

DUARTE, Sergio Ricardo; SILVA, Pedro Juan. Gestão familiar versus gestão de rede na hotelaria de Fortaleza. Revista Hospitalidade. São Paulo, v. XII, n. 2, p. 626 –643, dez.2015.

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Autor: Daniel Abel

Author: Daniel Abel

Atualmente exerce cargo de liderança na hotelaria no setor de Eventos, após ter sido trainee do grupo BHG (Brazil Hospitality Group). MBA em Negócios pela Universidade Potiguar, Bacharel do Turismo pela Universidade Potiguar, Rio Grande do Norte.